Na Bienal do Livro


Com o tema "Cada pessoa, um livro; o mundo, a biblioteca", a XII edição da Bienal Internacional do Livro do Ceará, com o renomado escritor Lira Neto assinando a coordenação da curadoria, integrada também por Kelsen Bravos e Cleudene Aragão, traz uma programação que vai além do Centro de Eventos e chega a outros municípios como Caucaia e Redenção, incluindo encontros entre autores, palestras, mesas-redondas, conferências, oficinas, contações de histórias, lançamentos de livros e várias outras atividades. A palavra é o fio condutor do evento, aberto também a todos os meios e possibilidades, com o livro e para além dele. Uma programação democrática e de acesso gratuito, contemplando todos os públicos - infantil, juvenil e adulto - e inúmeros temas e áreas de interesse.

Dentre os mais de 160 escritores e 300 convidados, estão diversos escritores de países de língua portuguesa como Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Timor Leste e Portugal. Os escritores estarão na programação do Centro de Eventos e em destaque na Bienal Fora da Bienal, que acontecerá na quarta e quinta-feira, dias 19 e 20 de abril, na Unilab - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, em Redenção.
Realizada pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), em parceria com o Instituto Dragão do Mar, e apresentada pelo Ministério da Cultura e pelo Bradesco, a XII Bienal Internacional do Livro do Ceará acontece de 14 a 23 de abril de 2017, no Centro de Eventos do Ceará e em múltiplos espaços de Fortaleza, e tem entrada franca em todas as atividades.
Confira a programação lusófona:
No sábado (15), o escritor angolano radicado em Portugal, Valter Hugo Mãe, baterá um papo com o público sobre o tema “Somos todos filhos de mil pessoas e de mil livros”, às 20 horas, na Sala Moreira Campos. Já no domingo (16), às 16 horas, haverá o diálogo entre Marcelino Freire e Valter Hugo Mãe sobre “Romances do pai, escritas da mãe”, com mediação de Socorro Acioli. No mesmo dia, às 20 horas, a escritora moçambicana, Paulina Chiziane, imprimirá um diálogo com Ana Miranda sobre “Mundos femininos, palavras universais”. Na terça (18), às 15 horas, Paulina participará do painel “Letra de Mulher, Novas Páginas – Áfricas e Mulheres: substantivos plurais”, com a Tânia Lima e mediação Vânia Vasconcelos.
Na quinta-feira (20), a Sala José de Alencar dá espaço para discussões para o “Encontro Oralidades & Escritas em Língua Portuguesa”, com apresentação musical de Cabo Verde e Guiné-Bissau na abertura e temas como “Relatos em Língua Portuguesa: oralidade & escritas”, às 15 horas, com Rosalina Tavares (Cabo Verde), Geraldo Amâncio (Brasil), Tony Tcheka (Guiné-Bissau), Carlos Subuhana (Moçambique) e Brigida da Silva (Timor Leste). Mediação: Manoel Casqueiro (Guiné-Bissau). Às 17 horas, terá a apresentação teatral de Guiné-Bissau. Às 18 horas, o tema “Oralidades e Escritas na Literatura Angolana”, traz como convidado o Ondjaki (Angola) e mediação de Andrea Muraro (Brasil). Para finalizar a programação, às 20 horas, haverá a exibição do filme “O outro lado do Atlântico”, com direção e pesquisa de Daniele Ellery (DCR/Unilab e Márcio Câmara, da UFF). Debate com a presença da diretora, dos estudantes da UNILAB, personagens do filme, Thamylton Teixeira (Guiné-Bissau) e Osnelly Osório (Cabo Verde) e do Prof. Carlos Subuhana (Moçambique)
No feriado de Tiradesnte, dia 21 de abril, a Sala José de Alencar segue com o “Encontro Oralidades & Escritas em Língua Portuguesa”, com a apresentação do projeto de extensão "Ecos da África no Ceará: Capoeira na Comunidade". Às 15 horas, é a vez da AfroContação, com Kiusam de Oliveira (Brasil). Às 16 horas, haverá um Sarau Poético Português e, às 18 horas, apresentação do Grupo Pérolas do Índico - Dança Marrabenta (Moçambique). Às 20 horas, haverá um breve relato do papel da música e da literatura na libertação e construção da nação guineense, com a presença do escritor Tony Tcheka (Guiné-Bissau).
Programação Bienal Fora da Bienal – Unilab Redenção
A Unilab receberá na quarta e quinta-feira, dias 19 e 20 de abril, a programação da Bienal Fora da Bienal, com a participação de diversos escritores da comunidade lusófona. Na quarta (10), o Encontro Oralidades & Escritas em Língua Portuguesa segue com Relatos de Rosalina Tavares (Cabo Verde), Geraldo Amâncio (Brasil), Tony Tcheka (Guiné-Bissau), Carlos Subuhana (Moçambique) e Brígida da Silva (Timor Leste) e mediação: Manoel Casqueiro (Guiné-Bissau). À tarde, o tema “A resistência da palavra nas literaturas africanas de língua portuguesa” será debatido com Rita Chaves (Brasil), Ondjaki (Angola) e mediação de Sueli Saraiva (Brasil). Às 15 horas haverá o encontro de Tony Tcheka com os estudantes guineenses. E às 16 horas, o tema “Mulheres, Literatura e Resistência”, traz a escritora Paulina Chiziane (Moçambique), com mediação de Luana Antunes (Brasil).
Já na quinta-feira (20) a programação segue na Unilab com a “Oficina Corporeidade Poética: Transcendendo o Corpo partindo da Ancestralidade Africana”, às 10 horas, com Kiusam de Oliveira (Brasil). A Mesa Escritores Fundação Palmares traz os livros da Editora Nandyala (Redenção) - Água de Barrela, de Eliane Alves dos Santos Cruz (Brasil) - Haussá 1815, de Júlio César Farias de Andrade (Brasil) - Sobre as vitórias que a história não conta, de André Luís Soares (Brasil) - Sina Traçada, de Maria Custódia Wolney de Oliveira (Brasil) - Sessenta e seis elos, de Luiz Eduardo de Carvalho (Brasil) - Adjoké e as palavras que atravessaram o mar, de Patrícia Matos (Brasil), com mediação: Sueli Saraiva (Brasil); às 19h30, a programação chega ao fim com a Conferência “A construção da Guineidade”.
Sobre os escritores
Valter Hugo Mãe (Angola/Portugal)
Um dos mais destacados autores portugueses da atualidade. A sua obra está traduzida em várias línguas, merecendo um prestigiado acolhimento em países como o Brasil, a Alemanha, a Espanha, a França ou a Croácia. Publicou sete romances: Homens imprudentemente poéticos; A desumanização; O filho de mil homens; A máquina de fazer espanhóis (Grande Prêmio Portugal Telecom Melhor Livro do Ano e Prêmio Portugal Telecom Melhor Romance do Ano); O apocalipse dos trabalhadores; O remorso de Baltazar Serapião (Prêmio Literário José Saramago) e O nosso reino. Escreveu alguns livros para todas as idades, entre os quais: Contos de cães e maus lobos, O paraíso são os outros; As mais belas coisas do mundo e O rosto. A sua poesia foi reunida no volume Contabilidade, entretanto esgotado. Publica a crônica Autobiografia Imaginária no Jornal de Letras.
Paulina Chiziane (Moçambique)
Nascida na província moçambicana de Gaza, no seio de uma família protestante, onde se falava chope e ronga, aprendeu a falar português na escola de uma missão católica, pouco antes de se mudar para Maputo, onde estudos superiores na Universidade Eduardo Mondlane, mas nunca concluiu a licenciatura de Linguística. Em 1990, Paulina Chiziane torna-se a primeira mulher moçambicana a publicar um romance ‘Balada de Amor ao Vento’. No entanto, Paulina não gosta do termo romancista: “Sou contadora de estórias e não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte.” Em 2014, foi agraciada pelo Estado português com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique, forma de reconhecimento do mérito e obra da autora e dedicou o prêmio às moçambicanas: “Quero encorajar o meu povo, as mulheres da minha terra: por muito difícil que as condições sejam, caminhem descalços e vençam”.
Tony Tcheka (Guiné-Bissau)
Natural de Bissau, poeta e jornalista, considerado por alguns especialistas da literatura guineense como um dos nomes que têm marcado a poesia que faz no seu país. Autor de “Noites de Insónia na Terra Adormecida” (1987), foi coordenador de três antologias poéticas editadas na Guiné-Bissau (Mantenhas para quem Luta; Antologia da Poesia Moderna Guineense; Eco do Pranto) e integra diferentes antologias publicadas em várias partes do mundo. Entre prêmios e distinções que lhe foram atribuídos destaca-sem: Diploma de Honra concedido pelo Instituto Superior das Ciências da Educação de Lisboa, pelo conjunto das suas obras; Diploma de Mérito Grau de Engenheiro de Almas atribuído pela Sociedade de Autores Guineenses (SGA) pela contribuição dada à literatura guineense. Foi redator e mais tarde diretor da RDN-Rádio Nacional da Guiné-Bissau, chefe da redação e diretor do Jornal Nô Pintcha, quando criou o Bantabá, um suplemento cultural e literário. Hoje é colunista da revista Lusografias, comentador da RTP, freelancer, funções que acumula com as de consultor para projectos de desenvolvimento e formador de jornalistas.

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