Ricardo Guilherme recebe Boticário Fererira

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Toinha Rocha e João Alfredo com Ricardo Guilherme (foto André Lima)
A Câmara Municipal de Fortaleza realizou nesta quinta-feira (1º) sessão solene para a outorga da Medalha Boticário Ferreira ao ator, dramaturgo e diretor teatral Ricardo Guilherme. A proposta foi apresentada pela vereadora Toinha Rocha (PSOL) e aprovada por unanimidade pela Casa Legislativa. Ricardo Guilherme nasceu em Fortaleza, no ano de 1955, tendo uma teatrografia com mais de 100 espetáculos realizados, sendo um dos mais destacados artistas cearenses de sua geração.
A sessão foi presidida pela vereadora Toinha Rocha e a Mesa foi composta pelas seguintes personalidades: vereador João Alfredo; Fernando Piancó, diretor do Teatro Carlos Câmara; Hertênia Glauce, coordenadora do curso de Teatro da Unifor; Valéria Albuquerque, professora do curso de Teatro da UFC; Karlo Cardozo, Secretário Municipal de Direitos Humanos e Tibico Brasil, presidente da Fundação de Teleducação do Estado do Ceará. O homenageado foi conduzido pelos ex-vereadores Nildes Alencar e Bianô de Andrade,
Em sua saudação aos presentes, Toinha Rocha disse que é um orgulho para ela realizar essa homenagem. “Me orgulha estar aqui com vocês para celebrar os 45 anos de carreira de um dos maiores representantes do teatro cearense. Falar em teatro me remete a minha infância, me remete ao meu saudoso avô, J. Cabral. Ele era um teatrólogo que ganhava a vida fazendo mala de papelão, mas ele resolveu ser alguém que espalhava cultura no interior e na periferia. Convivi com meu avô e a decoração de sua casa era o cenário de diversas peças. Onde ele estiver está muito feliz com sua neta que vem valorizando a cultura”, frisou.
“Minha emoção de hoje é por sua pessoa, por sua conduta. Falar de Ricardo não é lá uma das tarefas mais fáceis. Seu currículo, suas experimentações, realizações das mais diversas obras, Ricardo Guilherme é o próprio espetáculo. Sua arte é oração que se aprende a falar do admirável, é viva, seja para principiantes ou para os mais renomados. Artista versátil que dispensa adjetivo. A cena contemporânea tem parte de sua sabedoria. O experimento Teatro Radical é mote de teses de doutorado. Mas radical mesmo é você Ricardo Guilherme. Conquistou o mundo sem sair de casa. É com alegria e orgulho que a Câmara Municipal de Fortaleza faz a entrega dessa medalha. Bravo, bravíssimo Ricardo Guilherme!” pontuou.
O vereador João Alfredo disse que “essa homenagem é a mais alta honraria da Câmara concedida ao grande Ricardo Guilherme. Quero falar mais aqui como um fã, que se encanta com sua interpretação maravilhosa. A imagem que me acorre é uma cachoeira aos borbotões, quando você toma o palco sozinho e representa. Conheci também alguém que falava como você – o Darci Ribeiro. Não há como pensar o teatro cearense sem o Guilherme. Na última vez que mais me emocionei foi na peça do Frei Tito. Vi ali os familiares mais próximos totalmente tomados e emocionados. A representação dos atores nos levou a época quando frei Tito é chamado a sua vocação e decide entrar na luta pela ditadura”.
“Eu poderia falar de várias peças, mas essa homenagem tem uma carga de valor muito grande. Tenho uma resistência a entrega de medalhas, mas quando ela encontra o peito certo eu fico feliz. As novas gerações são tomadas por um saudosismo que não viveram e vão às ruas falar em intervenção militar, na volta da ditadura. Suas peças devem ser aulas para esses esquecidos do Brasil. É preciso aprender o valor da justiça, da liberdade, da democracia e saber que qualquer mudança passa por esses princípios. Digo que você é o autor e ator da liberdade. É preciso resistir, é preciso ser radical, é preciso ser Ricardo Guilherme,” asseverou.
O ator José Sarobbi também prestou uma homenagem ao ator Ricardo Guilherme. Em seguida a vereadora Toinha Rocha e o vereador João Alfredo fizeram a entrega da Medalha Boticário Ferreira ao homenageado da noite. Em seus agradecimentos, Ricardo Guilherme disse que recebe a medalha como se essa distinção tivesse sendo fixada no seu peito aberto. “Eu me sinto não só de Fortaleza, eu me sinto o ser fortaleza. Fortaleza é uma extensão de mim. Uma cidade apolínia, nós nos sentimos assim ‘apolínios’ e ‘dionisínios’. Só se pode transgredir quando se tem uma base, e ser de Fortaleza se transformou em minha base e nessa base eu transformei minha atitude política”.
“Viajei muito pelo exterior, mas nunca deixei minha base que é Fortaleza. Para onde fui levei comigo Fortaleza. A vida me foi ensinando que poderia falar para o mundo, sendo de Fortaleza. E ai esse ser de Fortaleza se transformou em atitude politica, mais ainda quando me compreendi como historiador. Se fosse embora, toda aquela história se acabaria”, revelou.
Segundo o dramaturgo, aos 19 anos tomou para si, a missão de ser guardião de um acervo de mais 400 mil unidades e documentos referentes a teatro do Ceará, do Brasil e do Mundo. Disse que ao receber a medalha da vereadora Toinha Rocha recordou o início de sua caminhada quando começou a coleta do acervo. Disse que o primeiro documento foi exatamente pertencente a J. Cabral que havia falecido, avô de Toinha Rocha. “Fui conversar com a família dele e quem me recebeu foi uma filha de nome Irinete, que é a mãe da vereadora Toinha. Ela me entregou um baú com todo o acervo e me confiou aquele material que ficou comigo durante 40 anos. Então decidi entregar à Universidade Federal do Ceará que criou um local, o Doc Teatro Acervo Ricardo Guilherme. Portanto, por dever de justiça, me reencontro com minha própria história ao receber da neta do J. Cabral essa honraria e quero também agradecer a sua mãe também, Irinete, que confiou naquele jovem idealista”
“Penso que o artista deve estar atrás, ao lado e a frente do seu povo. É com esse sentimento que comemoro aqui, citando pessoas que foram muito importantes em minha caminhada. José Humberto Cavalcante, que foi responsável por minha estreia no teatro aoss 14 anos; a atriz de rádio Ivone Meire; Valdemar Garcia, ex-escultor de vozes; o santo profano meu tio Guilherme Neto; a J. Cabral que, através de sua filha me fez criar o marco inicial como pesquisador de teatro; Clóvis Matias, meu mestre que me levou pelas mãos para conhecer o teatro; Raimundo Lima, que me fez protagonizar a primeira peça; Haroldo Serra; B. de Paiva; Francisco José Silva e Valeria Albuquerque, com quem criei meus dois grupos de teatro; todos do Teatro Radicais Livres; Edilson Soares e aquela que sem ela, nem estaria falando aqui, que é a professora Nildes Alencar que me alfabetizou no Colégio Cristhus. Aos meus pais Vanda e meu pai Almir. Minha segunda mãe Marina Alexandre, aos meus filhos Roberto, Clarissa, Cármen e os netos Diogo e Guilherme”, concluiu.
Biografia
São mais de quatro décadas de atividade, numa trajetória nacional e internacional que inclui um prêmio de dramaturgia concedido em 1987 pela UNESCO, Professor desde 1979, no Curso de Arte Dramática da Universidade Federal do Ceará, com experiência de ensino em diversas universidades da Europa, da África, da América Central e da América do Norte. Foi fundador e professor de diversas disciplinas da Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Ceará e representante
do Brasil em inúmeros festivais mundiais de teatro e congressos internacionais de encenação e dramaturgia.
Especialista cm Comunicação Social e em Arte-educação, reconhecido como Notório Saber em cursos de pós-graduação da Universidade Federal da Paraíba e Universidade Nacional de Brasília.
Historiador, com livros sobre a história do teatro cearense, premiado pelo Ministério da Cultura, nos anos 1970, por seu trabalho de pesquisador. Contista, cronista , poeta, com obra publicada pela Secretaria de Cultura do listado do Ceará, pela Fundação Cultural de Fortaleza e pela Fundação Demócrito Rocha.
Jornalista-Colaborador desde 1978, com registro na Delegacia Regional do Trabalho e trabalhos de reportagem premiados pela Fundação Nacional de Artes Cênicas, articulista do jornal O Povo. Fundador do Grupo de Pesquisa (1978) e um dos integrantes do equipe fundadora da Televisão Educativa do Ceará (hoje TVC) e da Rádio Universitária. Roteirista de cinema e TV- Ex-vice-presidente da Federação Estadual de Teatro. Produtor de programas de entrevistas e variedades (TV Ceará. Canal 5 de 1974 a 2014).
Criador do Museu Cearense de Teatro (1075, atual Doc – Teatro da Universidade Federal do Ceará) e organizador do Museu dos Teatros de Estudantes do Brasil, criado por Pascoal Carlos Magno (Rio de Janeiro/1977). Formulador da teoria e do método do Teatro Radical Brasileiro (1988), objeto de pesquisa de trabalhos acadêmicos, inclusive monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado.


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