Dub no Dragão

Verdadeiros difusores da música independente, principalmente do gênero reggae, os sound systems – ou sistemas de som – e seus DJs têm agora lugar cativo no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Com estreia na próxima sexta-feira (21), na Praça Verde, o DUB NO DRAGÃO trará música gratuita toda penúltima sexta-feira do mês. Nesta primeira edição, o projeto, que é realizado em parceria com a Dub Foundation Sound System, apresentará uma exposição sobre a história dos sound systems, a partir das 16 horas. Depois, às 19 horas, os DJs do Dub Foundation e o cantor paulista Ras Ital B, que é convidado especial, assumem o som com vinis de reggae e cantos improvisados. 

Surgido na periferia de Kingston (capital da Jamaica), entre os anos 1940 e 1950, como alternativa barata para ouvir música, os sound systems são equipamentos completos de caixas de som, amplificadores, efeitos, DJs com toca-discos e cantores ou MCs que animam o público e fazem improvisos. Na sexta-feira (21), das 19h à meia-noite, o coletivo de DJs do Dub Foundation Sound System promete agitar a noite com muito reggae. São parte do coletivo os DJs Bandit, Bruno Bravo, Caio DF, Dubroots e Victor Message. 
Além deles, a estreia do Dub no Dragão terá a participação do paulista Ras Ital B, que é músico percussionista, cantor, compositor e artesão de instrumentos percussivos. O artista iniciou sua carreira musical em 2003, com a família Congo Nya (Fundação Cultural Congo Nya, da Guiana Inglesa), e desde então, inspirado e influenciado pela cultural ancestral africana Nyabinghi, segue como forte representante musical dela. Realiza shows, workshops de percussão NYA e dialeto Creole, e performances de rua, tendo vivido e se apresentado em grande parte da América Latina e Caribe.
Atualmente, Ras Ital B vem trabalhando junto a sound systems paulistas, cantando e fazendo improvisos. O músico também está gravando um disco com o coletivo Quilombo Hi-Fi, de São Paulo. Ras Ital B já compartilhou o palco com grandes nomes da música nacional e internacional, tais como: Mad Professor, Ranking Joe, Ras Atittude, Mad Lion, Dada Yute, Leões de Israel, Ponto de Equilíbrio, Tribo de Jah, Red Meditation, Buguinha Dub, B. Negão, Fidel Nadal, D’BAM, Ras King Shory, Simba Amlack, Congo Nya, entre outros.
SERVIÇO
Projeto mensal DUB NO DRAGÃO
Quando: dia 21 de agosto
Hora: a partir das 16h, exposição; das 19h à meia-noite, música.
Onde: Praça Verde do Dragão
Acesso gratuito

>> Breve História dos Sound Systems
Se num futuro distante um historiador fosse tentar descobrir qual o evento ou invenção foi responsável pelo surgimento de gêneros musicais tão diferentes como o Rap, a Música Eletrônica, o Reggae, o Ska, o Rocksteady, o Dub, Dancehall, Dubstep, Jungle, e outras inúmeras variações de música com apelo às frequências graves, ele acabaria por chegar em algo que resultou de pobreza extrema, uma localização geográfica estratégica, e de um povo com uma fantástica alegria de viver apesar de seu sofrimento. Ele chegaria à periferia de Kingston, capital da Jamaica, uma pequena ilha no meio do Caribe, nos anos 1940/1950, e sua maravilhosa invenção: o SOUND SYSTEM.
Naqueles anos do pós-guerra, a diversão era pouca e inacessível, e alguns clubes para os mais abastados utilizavam caríssimas "Big Bands", tocando sucessos americanos. Devido à posição geográfica e à língua inglesa, muitos jamaicanos adoravam a música americana, porém apenas alguns desfrutavam dela. Os rádios e mesmo os toca-discos eram inacessíveis à maior parte da população.
Foi nesse contexto que surgiu a ideia de colocar algumas caixas de som feitas em casa no meio da rua, ligadas a toca-discos, amplificadores e microfones, imitando uma rádio com seus apresentadores. Os discos reproduzidos eram discos americanos, sobretudo de Rhythm & Blues. Isto rapidamente virou um fenômeno e uma cultura.
Os donos de tais aparelhagens conseguiam lucro vendendo comida e bebida e, às vezes, fazendo festas fechadas com admissão bastante acessível. O público e a competição entre os sound systems fazia com que tivessem que aumentar o tamanho das caixas e aparelhagem. Buscavam na América os últimos lançamentos, sempre tentando desbancar seus concorrentes.
Porém, nos EUA, não havia música suficiente para suprir a voracidade dos sound systems, isso acabou fazendo surgir um mercado fonográfico local, que gravava música americana feita por jamaicanos. Eles não demoraram muito a acrescentar um “tempero”, misturando Calypso, Mento e outros sabores locais ao Rhythm & Blues, e provocando o nascimento do primeiro gênero totalmente jamaicano: o Ska, em 1962.
Um pouco à frente, em 1966, o Ska foi desacelerado, tornando-se o Rocksteady. Logo após, em 1968, outras modificações dos criativos jamaicanos criam o Reggae e, em 1969, o Dub, que é uma variação instrumental do Reggae adicionada de efeitos. Tudo isso era fomentado pelos sound systems, cujos donos haviam criado estúdios e gravadoras locais.
No fim dos anos 1960, uma grande crise começou a afetar a ilha, provocando uma grande imigração de jamaicanos para a Inglaterra e para os EUA. Alguns levaram na bagagem o apreço pelos sound systems e não demorou muito para que surgissem sound systems jamaicanos na Inglaterra, feitos por imigrantes. Foi na Inglaterra que os sound systems tomaram sua cara atual e depois se espalharam pelo mundo. O auge foi durante os anos 1970 e 1980, quando fomentaram os estúdios jamaicanos a produzirem música pra ser consumida na Inglaterra, modificando-a para as danças e comportamento dos ingleses, mais urbanos. 
Hoje em dia, os sound systems atuam no mundo todo como difusores de música independente, principalmente o Reggae, consistindo de equipes completas de caixas de som, amplificadores, efeitos, djs com toca-discos e cantores ou MCs que animam o público e fazem improvisos. Buscam realizar as festas em locais abertos, sem vínculos comerciais, promovendo a integração de classes e tribos, e passando mensagens de tolerância e compreensão através da música.

>> Sobre a Dub Foundation Sound System
O Dub Foundation Sound System foi criado no ano de 2006, por iniciativa do Caio Dub Foundation. Caio morou em Londres, que é atualmente a Meca dos sound systems no mundo. A ele somaram-se Bandit Dubwise e Bruno Fever, que já atuavam como DJs de reggae. Em 2009, entrou no coletivo Raphael Dubroots, que cria as caixas de efeitos usadas nas apresentações. Já em 2010 somou-se ao coletivo o Victor Message, vindo de São Paulo. Todos são colecionadores de discos de reggae e atuam como seletores.
Procurando utilizar, desde o início, o vinil em suas apresentações em pequenos bares da cidade, pouco a pouco construíram o equipamento atual, que é formado por amplificadores e caixas que chegam à potência de 10.000 Watts. Esse equipamento, feito segundo projetos ingleses e jamaicanos, busca reproduzir fielmente os detalhes do reggae, transmitindo toda a sua força. Utilizam também uma série de delays e efeitos ligados ao gênero Dub, para criar uma atmosfera psicodélica.
A Dub Foundation Sound System já atuou com grandes nomes da cena reggae e sound system brasileira e mundial, como Errol Dunkley (JA), Aba Shanti I (UK), Dubversão (SP), DigitalDubs (RJ), Deskareggae (MG), Reggaematic (SP), High Public (SP), Quilombo Hi-Fi (SP), Africa Mãe do Leão (SP) e Stand High Patrol (FR). Tem produções gravadas com inúmeros artistas internacionais, algumas já lançadas em vinil pelo selo próprio Dub Descendants.

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