Circo
Na próxima sexta-feira (27), a Associação dos Proprietários, Artistas e Memória e Identidade lança o catálogo "Circo, Memória e Identidade". A pesquisa, iniciada em 2002, visa tornar públicas as memórias de famílias cearenses, que de geração em geração, mantém viva essa que é uma das mais antigas manifestações artísticas, conferindo-lhes a tarefa de empreender um pacto social para a preservação do circo. O evento é aberto ao público e acontece a partir das 10 horas, na Casa Juvenal Galeno(Rua General Sampaio, 1128 – Centro). Na ocasião, acontece ainda exposição do acervo fotográfico, mesa redonda sobre políticas públicas voltadas para o segmento e apresentação do espetáculo Palafita, do grupo Fuzuê.
O projeto Circo, Memória e Identidade, contemplado pelo Edital de Ideias Criativas, da Fundação Palmares, se trata de uma iniciativa memorial que parte da pesquisa e catalogação de fotografias da história do circo no Ceará, reunindo imagens pertencentes ao arquivo pessoal das famílias circenses.
“A pesquisa surgiu do interesse coletivo dos circenses de preservar sua própria história e chamar a atenção para os circos em atividade no estado. Viu-se que era importantíssimo revisar a história dos circos e de suas respectivas famílias. Cada imagem descoberta trouxe consigo uma narrativa e muitos afetos incrustados. As fotografias contam sobre a mágica do circo em diversos tempos, o tracejado que as lonas fizeram no mapa do estado e os sorrisos e figurinos de diversos artistas”, afirma Leandro Guimarães, produtor, articulador cultural e coordenador do projeto.
Além das fotografias, o catálogo traz artigos de profissionais e pesquisadores da cultura que atuam como guias nessa incursão em tão rico universo. A conturbada, embora perseverante, história dos circos no Ceará remonta a nossas origens, inclusive étnicas. É o que o texto de Cláudio Ivo e Elvis Jordan nos mostra. Se o nosso falar, comer e vestir remete a nossa ancestralidade africana, com o circo não poderia ser diferente.
Já Myreika Falcão dá uma perspectiva história dos circos-teatros e de como essas duas linguagens estiveram sob o mesmo teto (no caso, a lona). A pesquisadora aprofunda seu estudo sobre a obra de Paurillo Barroso, cearense dos mais culturalmente atuantes, abordando o drama Camponês Apaixonado.
Contando um pouco sobre a história geral do circo e de como ele veio parar em terras brasileiras, Ethel de Paula também faz um apanhado de cronista em seu artigo sobre a comicidade e a figura do palhaço. Já o texto de Gil Gyffoni explora um recorte memorialístico pessoal sobre o circo para falar da memória social enquanto abordagem possível para a prática circense, apoiando-se em autores como, Maurice Halbwachs e Walter Benjamin.
Por fim, Urik Paiva filosofa um pouco sobre as relações entre corpo, memória e circo, buscando em alguns teóricos uma discussão sobre passado e presente e suas implicações para o corpo. O artigo parte das linhas de fuga do filme A estrada da vida, de Federico Fellini, para chegar ao dualismo existente entre os circos tradicionais e os modernos.
Programação
O mapeamento realizado permite conhecer melhor a realidade do segmento e subsidiar a elaboração de políticas públicas voltadas para o circo tradicional, tendo em vista a sua sustentabilidade. Esse, inclusive, será assunto de mesa redonda, que também irá acontecer durante o lançamento do catálogo.
Após a mesa redonda, o Grupo Fuzuê apresenta Palafita. O grupo atua artisticamente no Ceará desde 2004, sistematizando atividades corporais de pesquisas, experimentações, estudos práticos e teóricos na linguagem do circo e da dança. O desenvolvimento e realização de produtos artísticos nessas linguagens têm sido a principal investigação e desafio cotidiano do seu trabalho coletivo.
Em Palafita, por meio de contato e equilíbrio entre os corpos na técnica do mão a mão, dois artistas exploram as possibilidades de ocupação de espaço em que habitam e a construção de novas formas dentro dele. As imagens formadas em cena remetem às palafitas - casas construídas acima do nível da água, sustentadas por estacas. O conceito de morada cria a subjetividade da proteção, uma maneira de habitar os terrenos não estáveis da condição humana.
Acervo plural
Visto que a arte circense é passada de geração a geração, principalmente através da oralidade, a Apaece acredita ser fundamental criar um acervo para a sua preservação no estado, principalmente nesse período de desenvolvimento e robustez das políticas culturais relacionadas à preservação das formas tradicionais de diversas manifestações artísticas. O catálogo é apenas um primeiro passo.
A associação também conta com o apoio do Ministério da Justiça, através do Fundo de Direitos Difusos, para recatalogação do acervo e para a produção de um documentário sobre o tema.
O acervo fotográfico, por sua vez, será disponibilizado de forma permanente, com a criação do primeiro Ponto de Memória do Circo, no Teatro das Marias (Rua Senador Almino, 233 A – Praia de Iracema), através de financiamento pelo Instituto Brasileiro de Museu (Ibram).
SERVIÇO
Lançamento do catálogo Circo, Memória e Identidade
Data: 27/03 (sexta-feira)
Horário: A partir das 10 horas.
Local: Casa Juvenal Galeno (Rua General Sampaio, 1128 – Centro)
Informações: (85)3081.2757
Grátis.
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