AFN na XI Bienal do Livro

Auditório lotado, alegria, empolgação, dança e música. Assim começou o quarto dia na XI Bienal Internacional do Livro do Ceará com a presença dos 1500 alunos de escolas municipais e algumas estaduais que participam do projeto “Eu sou cidadão - Amigos da leitura”. Anualmente desde 2002, crianças e adolescentes de escolas de 100 municípios do Ceará, realizam atividades de incentivo à leitura utilizando obras com temática socioeducativa. O livro trabalhado em 2014 foi “A comédia nada divina de Dante da Silva no mundo das drogas”, de Arlene Holanda e Stélio Torquato com ilustrações de Karlson Gracie.
Ao final do evento, Isadora Faber, criadora da página Diário de Classe, falou para os alunos. A adolescente de 15 anos fez sucesso ao relatar os diversos problemas encontrados na Escola Básica Maria Tomázia Coelho, em Florianópolis (SC), onde estudou até o último ano do ensino fundamental. Isadora falou que recebeu ameaças de vários funcionários, professores e até de alguns colegas quando começou o Diário de Classe. “Escola pública não é de graça. O mínimo que a gente deve ter é estrutura e bons professores”, afirma Isadora seguida de aplausos do público empolgado.No fim, as sanfonas da dupla Italo e Renno fecharam o momento e completaram a animação do público que cantou e dançou embalados pelo som tradicional do forró pé-de-serra cearense.
Café literário
O aroma de café tomou conta da XI Bienal Internacional do Livro na edição da manhã de hoje, do Café Literário que recebeu um bate-papo com o jornalista e escritor Lira Neto, a jornalista e colunista da Folha de São Paulo Raquel Cozer e mediação do historiador da literatura Humberto Pinheiro.A conversa tratou do tema “O resenhista e o crítico literário na (in)formação do leitor”.
No rol das revelações da trajetória profissional, Lira Neto contou que “a pior barbaridade que já fez quando resenhava foi ter fechado os olhos para alguns autores” para atender demandas do mercado, escrevendo textos sobre obras mais vendidas. Questionada sobre o cenário existente de blogs que publicam resenhas e podem divulgar os livros de editoras pequenas, Raquel Cozer declarou: “O fenômeno da Internet e dos blogs beneficia mais os livros de caráter mais comercial. Por exemplo, a Paula Pimenta não tem resenhas no jornal (Folha de São Paulo), mas tem nesses blogs e ela tem vários livros bem vendidos.”
Mitologia presente no anime Cavaleiros do Zodíaco
“Quando o mal se espalha pela terra, surgem os guerreiros de esperança, os cavaleiros!”. A frase de abertura do anime Cavaleiros do Zodíaco também inicia a palestra “Guerreiros das Estrelas: o mito em Cavaleiros do Zodíaco” no Espaço da Juventude Fantástica. Coordenado pelo Grupo Paideia e Allan Nicol, do Taizen Saint Seya, o bate-papo reuniu os amantes de animes, mangás e mitologia greco-romana na XI Bienal Internacional do Livro.
A conversa discutiu as obras de Cavaleiros do Zodíaco, fazendo uma comparação entre as referências mitológicas greco-romanas clássicas. Glaudiney Mendonça, integrante do grupo, esclarece que algumas obras “modernas”, como Percy Jackson, Sandman, O labirinto do Fauno e outras HQ’s possuem referências mitológicas que, às vezes, não são claras para quem assiste ou lê. “As pessoas acabam tomando essas referências como originais e nós desmitificamos isso”.
Escritor alemão Gregor Sander dialoga a nova literatura alemã em solo cearense
Pela primeira vez no Brasil, o único autor alemão a participar da XI Bienal Internacional do Livro, Gregor Sander, integrou nesta terça-feira a mesa “A nova literatura alemã”, com a moderação da professora Ute Hermanns e participação do tradutor Alexander Ribeiro. Na ocasião, o escritor leu o conto Winterfisch (Peixe de Inverno), que dá nome ao seu mais novo livro de contos. A leitura traduzida da obra ficou por conta do ator Levy Mota.
O autor credita essa nova literatura à geração pós-queda do Muro de Berlim. Após o ocorrido, novos autores, como Judith Hermann e Peter Stamm, puderam se debruçar em uma narrativa mais realista ou experimental em suas obras. “É uma literatura bastante extensa e diversa, diferente dos anos 1970 e 1980, em que os alemães liam muita literatura americana e pouca literatura alemã.”
A proposta da antologia Peixe de Inverno, nome que se dá ao bacalhau capturado no mar báltico durante o inverno, é reunir contos escritos por Gregor que abordem as regiões do entorno do mar báltico, também conhecido como mar da Alemanha. Antes de vir ao Brasil, Gregor foi apresentado à literatura de Milton Hatoum, um dos homenageados da XI Bienal do Livro. A leitura de “Dois Irmãos”, obra premiada do autor amazonense, possibilitou o escritor alemão entrar em “mundos estranhos”, como define lugares até então desconhecidos por ele. “Em Dois Irmãos eu entrei em outro tempo, outro lugar e seria ótimo se conseguisse isso com Peixe de Inverno”, pontua.
Luiz Ruffato e a pretensão de construir uma literatura singular no Brasil
A mesa “Produção Literária brasileira contemporânea”, que aconteceu hoje, durante a XI Bienal do Livro, contou com a participação do autor premiado Luiz Ruffato e mediação da professora Sarah Diva. A conversa discutiu as principais características da escrita literária que o rodeia, além das especificidades da profissão. As produções literárias do escritor são permeadas pela personalidade intensa que possui. Quando jornalista, fazia questão de “não seguir as pautas” que lhes eram dadas. No campo da literatura não é diferente. Ruffato exemplifica na experiência com a coleção Amores Expressos, quando foi convidado para escrever sobre Paris. “Eu não queria Paris! Queria escrever Lisboa e Cataguases (cidade onde nasceu) no livro e, mais uma vez, fugi da pauta”, brinca.
Com a pretensão de construir uma literatura singular no Brasil, Luiz destaca que o escritor deve se colocar em uma zona de desconforto. Caso contrário, as narrativas se desviam do que deve ser uma produção criativa. “O que mata um escritor é a sensação de conforto, é quando você senta para escrever e a coisa flui como se não precisasse de mais nada, você vira uma maquininha”, pontua. Na ocasião, o autor ainda comentou sobre os aprendizados de 2014 e destacou um ponto importante: aprendeu a amar mais as pessoas. “Esse ano, por conta das eleições, as pessoas perderam o juízo, a capacidade de tolerar, e esse exercício de tolerância é a maior prova de amor que se pode ter.” 
Sobre XI Bienal Internacional do Livro do Ceará - A Bienal acontece até domingo (14), no Pavilhão Oeste do Centro de Eventos do Ceará com o tema “Fortaleza de Moreira Campos”. Além do cearense, o escritor Milton Hatoum será homenageado. O evento terá ainda diversas atividades simultâneas, entre feira de livros, oficinas, palestras, mesas-redondas, lançamentos de livros, exposições, colóquios, apresentações ao vivo de podcasts, rodadas de RPG, convenções, debates e shows lítero-musicais. São esperados 600 mil visitantes ao longo do evento. O horário de funcionamento será das 9 às 22 horas.
O Ministério da Cultura, o Governo do Estado do Ceará por meio da Secretaria da Cultura (Secult), a Petrobras, a Coelce e a Oi apresentam a XI Bienal Internacional do Livro do Ceará, cuja realização é do Centro de Treinamento e Desenvolvimento (Cetrede) e do Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC). O patrocínio é do Banco do Nordeste e do BNDES, com apoio institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), e Sesc/Ceará, bem como o apoio das principais entidades ligadas ao livro e à leitura no Brasil, a CBL – Câmara Brasileira do Livro, a ABDL – Associação Brasileira de Difusão do Livro, e a ANL – Associação Nacional de Livrarias.

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