Pedrosa é cidadão fortalezense


Câmara outorga o Título de Cidadão de Fortaleza ao artista plástico Bruno Pedrosa

Foto: André Lima

A Câmara Municipal de Fortaleza realizou nesta quinta-feira (09) Sessão Solene para a outorga do Título de Cidadão Honorário de Fortaleza ao artista plástico Bruno Pinheiro Pedrosa. O reconhecimento foi concedido através do projeto de decreto legislativo 041/2015, de autoria do vereador Ziêr Férrer (PDT) e aprovado por unanimidade pela Casa Legislativa. A sessão foi presidida pelo vereador Salmito Filho (PDT), presidente da Câmara Municipal de Fortaleza. A mesa foi composta por: Jarlison Cruz, vice-presidente do Instituto dos Advogados do Ceará e pelo vereador Ziêr Férrer.

Em sua saudação aos presentes, o vereador Ziêr Férrer disse ser uma honra prestar a homenagem a um cidadão de Lavras da Mangabeira. “Lavras é minha terra natal e lá cresci junto com meus irmãos e dei os primeiros passos na vida. Vários filhos de Lavras se destacam em diversos setores do país, na política e nas artes, como o homenageado de hoje. Quero dizer que esse título foi aprovado por unanimidade, por sua vida dedicada a arte e a cultura de nosso estado”, frisou.

“Descendente de família tradicional portuguesa que chegou ao Brasil, no tempo das sesmarias. Bruno, aos seis anos foi estudar em Crato e só retornava para a casa do pai e avós nas férias escolares. Concluiu a sua formação educacional básica em Fortaleza, em 1967. Em 1968, foi morar no Rio de Janeiro, para cursar a Escola Fluminense de Belas Aries. Participou de exposições coletivas e individuais e tomou parte ativamente do movimento estudantil contra o regime militar”.

“Após cursar a Escola Nacional de Belas Artes e fez viagens pelo interior do Brasil e países da América do Sul. Ganhou a medalha de prata, com desenho, por sua participação no Salão Nacional de Belas Artes. Passou a frequentar, ao mesmo tempo, as faculdades de Arqueologia e Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro”.

“Suas obras estão em vários países, entre os quais em Argentina, México, países da Europa, Estados Unidos da América e Japão. Para a Câmara é uma honra tê-lo nessa noite como homenageado, pois o senhor leva o nome de nossa cidade e do nosso estado para o mundo”, frisou.

O presidente da Câmara, Salmito Filho, corroborou com as palavras do vereador Ziêr, destacando ser Pedrosa um cidadão do mundo, que com seus conhecimentos na arte, tem elevado o nome do Ceará e da capital Fortaleza por onde passa. “Essa homenagem engrandece a nossa galeria de homenageados que passa a ter um dos grandes cearenses desse século”, destacou o presidente.

Após a entrega do título de cidadão, o artista plástico Bruno Pedrosa fez seus agradecimentos: “Eu digo sempre que o artista, o pintor não fala, pinta, por isso não tenho talento para falar, mas em certas ocasiões temos que nos quedar ao momento. Na trajetória da vida do homem ocorrem surpresas. Depois de 50 anos de minha primeira visita à Fortaleza experimento hoje a mais grata das emoções. Essa homenagem concedida por representantes do povo fortalezense, leva consigo a imensurável e insigne honra. Tenho sido a vida inerira um homem a procura de um caminho. Por isso fiz muitas tentativas, coloquei os pés nas veredas. Fortaleza foi o segundo degrau dessa caminhada, O primeiro foi Crato. Cheguei aqui aos 15 anos, para estudar”, revelou..

O meu antepassado Bernardo Pinheiro recebeu em 1717 uma sesmaria, hoje Várzea alegre, Cedro e Lavras da Mangabeira. Amo minha terra. Fortaleza foi descoberta por mim um menino adulto. Admirava as praias que refletem a história de Martins Soares Moreno e Matias Beck. Depois de 300 anos de recesso, eu, descendente de vaqueiros, mas trazendo nas veias o sangue aventureiro dos descobridores portugueses, encontro no ano da graça de 1965 o mar verde de Fortaleza de Bragança de Nossa Senhora da Assunção”.

“Parava para ver o mar, nas pedras do Mucuripe. Minhas lembranças começaram na Praia de Iracema, depois vaguei pelos mares do mundo, na costa croata, no mar de Poza, a caminho da Sardenha, Praia da Nazaré em Portugal, Praia de Escaler, porém o mais belo para mim são sempre os verdes mares do Ceará, que me fazem chorar e lembrar dos meus 15 anos”.

“Fortaleza foi uma cidade de transição. Aqui resolvi ser artista e decidi se um dia fosse artista seria um pintor do sertão e do povo que mora lá. Hoje não faço mais arte figurativa. Foi aqui que senti a dor do amor. Aos dezessete anos é a idade que todos nós precisamos de um confidente e minha confidente foi Fortaleza”.

“Migrei para o Rio de Janeiro. Ser adolescente em Fortaleza foi fácil, mas ser homem e artista no Rio foi bem diferente. Mas nunca esqueci Fortaleza. Por esse motivo e por muitos outros. Meus sinceros agradecimentos aos membros dessa Casa Legislativa por me conceder essa honraria de ser cidadão dessa minha Fortaleza a partir de hoje. Formulo amplo especial e sincero agradecimento a toda a bancada de vereadores que votaram essa cidadania. Muito obrigado, que Deus os abençoe”, concluiu.

Perfil

Bruno Pedrosa, cearense, nasceu, no dia 11 de janeiro de 1950. Foi registrado, no batismo, como Raimundo Pinheiro Pedrosa. Bruno é o nome religioso que escolheu, em 1975, ao entrar para a ordem beneditina. Formou-se na Escola Nacional de Belas Artes em História da Arte, Filosofia e Arqueologia. Em seguida foi admitido no Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, onde viveu em clausura, por cinco anos, mas não chegou a ordenar-se.

Ao sair, abre seu atelier ao público e conhece Elinor, com quem se casa em 1982. Juntamente com a mulher, em 1987, decide transferir-se do Rio de Janeiro a Nova Friburgo, onde Pedrosa possui um atelier. Esta reviravolta pessoal aproxima o artista à pintura, o seu estilo muda, o desenho continua a ser o alicerce das obras, mas o fulcro da sua atenção se põe nas cores.

Em 1990 uma nova e importante decisão: a Europa. Bruno se transfere com a família para Busca, província de Cuneo, onde Bruno sente-se em casa: ama os campos de papoulas, os aromas da terra, as montanhas. Encontra do outro lado do mundo, alguns valores fundamentais da sua educação: E mais uma vez sua arte se modifica com ele.

Os desenhos deste período mostram pequenos detalhes das cidadezinhas da região, mas os quadros exprimem o tumulto dos seus sentimentos e tornam-se abstratos. São titubeantes, compostos, estruturados, mas abstratos. Pedrosa emboca uma estrada sem retorno. Deste momento em avante sua arte se modificará muitas vezes, mas não tornará jamais ao figurativo, que abandona completamente no início dos anos 90. O artista encontra na pintura abstraia seu instrumento de experimentação, |chegando a exprimir não mais a essencialidade do que vê, mas as suas emoções diante das experiências da vida. Sua arte cresce com ele, é influenciada pelos seus estudos, viagens, descobertas. Assim Bruno Pedrosa reinventa-se continuamente navegando por todos os continentes das artes e do mundo, da pintura à escultura, da América Latina à Europa, atravessando o vidro, a cerâmica, o bronze, a joalheria, os totens em papel, passando pelo Brasil, Estados Unidos, Itália, Holanda, França, Espanha, Portugal, Bélgica e Alemanha

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