Segundo Turno no Ceará

CARMEN POMPEU E TIAGO ROGERO - O ESTADO DE S. PAULO
05 Outubro 2014 | 20h 39

Eleição também confirma a volta por cima do ex-governador Tasso Jereissati (PSDB), que voltará ao Senado após a derrota em 2010

Jarbas Oliveira
Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) vão continuar a disputa para o governo do Ceará
Haverá segundo turno na eleição para governador no Ceará, e com direito à virada. Escolhido pelo governador Cid Gomes (Pros) para dar continuidade à sua gestão, Camilo Santana (PT) confirmou ontem o crescimento nas pesquisas, ultrapassou o concorrente e alcançou 47,81% dos votos válidos, uma vitória apertada em primeiro turno sobre o candidato de oposição aos Ferreira Gomes, o senador Eunício Oliveira (PMDB), que teve 46,41%. A eleição deste domingo também confirmou a volta por cima do ex-governador Tasso Jereissati (PSDB), que voltará ao Senado após a derrota (com forte atuação do ex-presidente Lula) na eleição de 2010. Tasso teve 57,9% dos votos válidos, à frente do candidato dos Gomes: Mauro Filho (Pros), com 39,3%.
Apesar do retorno de um tucano tradicional ao Senado, a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) teve uma boa notícia, já antecipada nas pesquisas: no segundo turno continuará tendo palanque duplo em território cearense: ambos usam a imagem e pedem votos para a petista, que para evitar conflito se negou a participar das agendas de ambos quando esteve no Ceará. A eleição para governador ainda teve Eliane Novais (PSB) em terceiro, com 3,4%, e Aílton Lopes (Psol), em quarto, com 2,41%.
O crescimento de Camilo Santana (chegou a estar 30% atrás de Eunício, em pesquisas do começo de agosto) teve participação direta dos irmãos Gomes, principalmente nesta reta final. Licenciado desde segunda-feira como governador, Cid foi às ruas pedir votos para seu candidato. O mesmo o fez o secretário de Saúde Ciro Gomes – embora sem pedir licença do cargo. Para alcançar o maior número possível do eleitorado, Camilo, Ciro e Cid se dividiram em agendas diferentes pelo Estado. Eunício (que até abril era aliado dos Gomes) denunciou uso da máquina pública estadual por parte dos irmãos; eles negaram e acusaram o peemedebista de associação com milícias para coação de eleitores.
O primeiro lugar de Camilo divergiu das pesquisas da véspera da eleição e também da boca de urna: todas, tanto de Ibope quanto de Datafolha, apontavam Eunício numericamente à frente, com empate técnico no limite da margem de erro. Apesar da derrota no Estado, na capital (quem tem como prefeito Roberto Cláudio, do Pros, aliado dos Gomes) Eunício foi vencedor: 47,33% dos votos, ante 38,05% de Camilo. Já no reduto eleitoral dos Gomes, a sertaneja Sobral, o candidato apoiado pela família ficou quinze pontos à frente do concorrente: 55% para o petista, 40% para o peemedebista.
Senado. Aos 65 anos, Tasso Jereissati (PSDB) está de volta ao Senado. Fora da política desde 2010, foi governador do Ceará por três mandatos (1987 a 1991 e, depois, duas vezes consecutivas, entre 1995 e 2002) e senador de 2013 a 2011. Estava afastado da política desde que foi derrotado nas eleições de 2010, quando perdeu a vaga no Senado para o mesmo Eunício Oliveira (PMDB) que apoiou nesta eleição, em palanque duplo, e José Pimentel (PT). Naquele ano, os vencedores contaram não só com o apoio dos Ferreira Gomes, mas uma ampla campanha contrária a Tasso por parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O principal adversário de Tasso na disputa era Mauro Filho (Pros), ex-secretário da Fazenda na gestão de Cid. Mesmo com rompimento político declarado, Ciro e Cid não fizeram, nesta disputa, ataques diretos ao tucano. "Do lado de lá, só o Tasso presta", dizia Ciro nas reuniões com aliados durante a campanha. Mauro era apresentado por Ciro aos eleitores, na propaganda no rádio e na TV, como o candidato da "missão impossível" dado o favoritismo de Tasso sinalizado nas pesquisas desde o início da disputa.
Apesar do apoio declarado (ao menos até agora) de Eunício à candidatura de Dilma, Tasso disse ontem desejar o engajamento do peemedebista na campanha pró-Aécio no segundo turno. "Eu com certeza vou trabalhar para o Aécio muito firme. E espero que ele (Eunício) também, porque o Aécio ajudou, apoiou ele aqui, já a Dilma não". Eunício preferiu deixar a questão em aberto. Antes da apuração, ao ser questionado sobre quem apoiaria no segundo turno entre a petista e o tucano, respondeu que era melhor aguardar.
Já Tasso garantiu que começará imediatamente o trabalho para eleger Aécio.  "Vou entrar de cabeça", garantiu. Segundo ele, há no Nordeste um clima de medo das pessoas de perderem a Bolsa Família. "É uma situação muito ruim para a democracia, porque é quase uma extorsão. As pessoas ficam com medo de perder uma coisa que não é de ninguém, é do Estado brasileiro", comentou.
O deputado federal mais votado foi Moroni Torgan (DEM), que voltará à Câmara (já foi deputado federal por dois mandatos). Já o deputado estadual que recebeu o maior número de votos foi o vereador por Fortaleza Capitão Wágner (PR).

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