Sexto dia da Bienal do Livro

O sexto dia da XII Bienal Internacional do Livro do Ceará hoje começa na Praça do Ferreira. A programação da Bienal fora da Bienal leva para uma conversa no meio da rua a escritora Kiusam de Oliveira - artista multimídia, arte-educadora, bailarina. Ativista do movimento negro há quase 30 anos, a convidada vai conversar com o público sobre “Minha casa é meu chapéu - dois dedos de prosa com quem mora na rua”, a partir das 10 horas.
No Centro de Eventos do Ceará, a jovem escritora cearense Kamile Girão, autora dos livros "Outubro" e "Yume", lança seu livro “Fisheye”, que virou realidade graças ao financiamento coletivo na plataforma Catarse. O lançamento acontece às 15 horas, no Espaço Natércia Campos do Escritor Cearense. No Auditório Mestres e Mestras da Cultura, uma roda de saberes vai reunir nomes da cultura indígena cearense. Mestre Cacique Pequena (Aquiraz), Mestre Pajé Luiz Caboclo Tremembé (Itarema) e Mestre Cacique João Venâncio (Itarema) partilham sobre “A alma é um encanto, a memória divina”, com mediação de Alênio Carlos Noronha Alencar, às 16 horas.
Já a Sala Moreira Campos está repleta de diálogos com renomados nomes da literatura e da cultura. Às 16h, Belchior é o mote: Ricardo Kelmer, Joan Edesson, Cleudene Aragão e Ricardo Guilherme conversam sobre “Belchior e seu eterno canto feito faca”. Às 18 horas, será a vez de Daniel Munduruku trocar ideias com Paulo Lins sobre “Como o Brasil (re)trata suas bibliotecas vivas?”. Para finalizar, Frei Betto, Socorro Acioli e a professora Adelaide Gonçalves discutem sobre como recriar o mundo, trazendo a esperança através das palavras.
A blogueira feminista e professora universitária Lola Aronovich marca presença no evento ao lado de Fernanda Cardoso para gerar reflexões e análises da poesia feminista de Gilka Machado, a partir das 15 horas, na Sala Francisca Clotilde, com mediação de Vânia Vasconcelos. Encerrando as atrações do dia, o escritor paulista e também roteirista de TV, André Vianco, considerado um dos maiores autores do estilo chamado “Horror” da contemporaneidade divide seus conhecimentos e experiências sobre a adaptação de literatura de fantasia e terror para audiovisual no Brasil, às 20 horas, na Sala Mágica.
QUJINTO DIA - A escrita potente e poética das mulheres precisa chegar a todos - e pelas mãos e vozes das próprias mulheres. Esse foi o tom de mais um encontro na Sala Francisca Clotilde, intitulado “Letra de Mulher, Novas Páginas”. Com mediação de Vânia Vasconcelos, as autoras Paulina Chiziane e Tânia Lima vasculharam suas gavetas da memória para falar sobre literatura, religião, feminismo e outros temas. Chiziane rememorou sua vivência em Moçambique, enquanto Tânia dividiu com a plateia sua experiência de alguns dias em Cabo Verde e sua infância em Maranhão, sua terra natal.
Na tarde de ontem, teve mais Roda de Saberes com Mestres e Mestras da Cultura. O tema foi "As mãos são artes, a cabeça imaginação", trazendo os mestres Espedito Seleiro e Zé Pedro, com mediação de Oswald Barroso. Os Agentes de leitura do Estado, que estão participando de uma programação especial na Bienal, acompanharam a atividade. O momento foi de muito aprendizado e emoção, com uma homenagem ao mestre João Evangelista dos Santos, o João Mocó, do bumba-meu-boi, de Granja, que faleceu ontem.
Às 15h30, os pesquisadores Arievaldo Vianna e Stélio Torquato apresentaram, durante a palestra “Santaninha, um pioneiro do cordel”, na Praça do Cordel, como foi o processo de criação e produção da biografia João Sant’Anna de Maria, o famoso Santaninha, improvisador e tocador de rabeca. Arievaldo e Stélio contaram como obtiveram as pistas em locais como museus. O poeta popular, homenageado na obra, foi citado por nomes como Sílvio Romero, Mello Moraes Filho, Barão de Studart e José Calazans.
A biografia traz detalhes, datas, citações de livros, notas publicadas em jornais e revistas do Brasil e toda a trajetória de Santaninha, considerado um dos precursores da Literatura de Cordel. Uma das descobertas dos pesquisadores foi sobre seu nascimento. Ele não nasceu em Maranguape, como muitos acreditavam e propagavam, mas em Vila de Touros (RN). “Foi na Vila de Touros que saiu a certidão de batismo do Cordel”, disse Arievaldo.
No mesmo local, às 17h30, o responsável pelo espaço Praça do Cordel e poeta de literatura de cordel, Klévisson Viana, lançou seu livro “O miolo da rapadura”, com presença do mestre Bule Bule e do cordelista e repentista Geraldo Amâncio. “O livro é uma antologia poética que traz poemas e cordéis, tentando fazer uma retrospectiva da minha trajetória de 30 anos de arte”, afirmou.
A ideia de homenagear os mestres da cultura popular veio da importância singular deles. “Esses artistas são ícones importantíssimos na formação da gente. É imprescindível valorizar eles para que a gente não perca as nossas referências. Quando nos aproximamos desses mestres, nos enriquecemos. A cultura ganha, os novos aprendem. É importante que a gente homenageie essas pessoas em vida, pois quantos artistas maravilhosos partem para a outra dimensão sem serem reconhecidos?”, ressaltou.
Batalha
Às 19 horas, a Sala Elementos foi palco de uma calorosa Batalha Épica: Marvel x DC. Thiago Siqueira defendeu a DC, enquanto Erinaldo Dantas brigava pela vitória da Marvel. Com mediação de Jurandir Filho, o resultado foi diferente da batalha da edição passada. Dessa vez, o público consagrou a Marvel como a grande campeã.
Um pouco antes da disputa acirrada, o escritor e roteirista de TV André Vianco, especializado em literatura de terror e sobrenatural, esteve no Espaço FORPG - Vila do RPG, às 17 horas, para conversar com o público sobre criação de personagens e de mundos, através de uma troca intensa de ideias. “Na criação de personagens, existem etapas e regras a serem cumpridas, mas entender isso é simples”, explicou.
A criação de personagens, inclusive, foi pontuada por Vianco como a parte mais importante na criação de uma narrativa de ficção. “Os personagens são a cereja do bolo, e o segredo está no engenho dessa criação. Quanto mais perfeito for o personagem, mais vai afastar as pessoas dele, pois não existem pessoas perfeitas. Então, comece com: quais são os defeitos do seu personagem?”, ressaltou. Para André, imersão do escritor em todos os personagens e locais na narrativa é inevitável. “Escrever, às vezes, machuca; porque te leva por caminhos que você não compreende”.

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