Morreu às 17h33 desta terça-feira (30), a cantora e compositora Beth Carvalho. Ela completaria no próximo domingo (cinco), 73 anos de idade. Beth Carvalho estava internada no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, desde o início do ano. Segundo a Globo News, ela teve uma septicemia.
Uma das maiores sambistas do país, com mais de 50 anos de carreira, Beth era parceira de Jorge Aragão, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho.
Os problemas de saúde da cantora começaram em 2009, quando ela precisou fazer uma pausa no trabalho por causa de uma fissura na região do osso sacro, na base da coluna vertebral. Mesmo com a mobilidade limitada, a sambista ainda fez alguns shows, inclusive um deitada, em setembro do ano passado ao lado do Fundo de Quintal.
Em janeiro agora de 2019, Beth Carvalho ganhou uma roda de samba no quarto do hospital, junto com a dupla Os Prettos, formada pelos irmãos Magnu Sousá e Maurílio de Oliveira.
A Assessoria de Imprensa de Beth Carvalho informou que os detalhes do sepultamento serão divulgados em breve.
"Queridos amigos e fãs, nossa querida Beth Carvalho partiu hoje as 17h33, cercada do amor de seus familiares e amigos. Agradecemos todas as manifestações de carinho e solidariedade nesse momento. Beth deixa um legado inestimável para a música popular brasileira e sempre será lembrada por sua luta pela cultura e pelo povo brasileiro. Seu talento nos presenteou com a revelação de inúmeros compositores e artistas que estão aí na estrada do sucesso. Começando com o sucesso arrebatador de “Andança”, até chegar a Marte com “Coisinha do Pai”, Beth traçou uma trajetória vitoriosa laureada por vários prêmios, inclusive um Grammy pelo conjunto da obra. Assim que possível, informaremos sobre o sepultamento", destaca nota da Assessoria de Imprensa.
Trajetória - Elizabeth Santos Leal de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, em cinco de maio de 1946. O primeiro contato da artista com a música aconteceu na infância, quando aos 8 anos, ganhou um violão dos avós.Por conta da Ditadura Militar, que prendeu o pai da cantora, a artista teve a ideia de dar aulas de música para conseguir dinheiro e ficou ainda mais próxima do universo artístico. Depois disso, deslanchou.
O primeiro disco de Beth foi gravado em 1965, com a música “Por quem morreu de amor”, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Já o seu grande sucesso, “Andança”, é o título do primeiro disco, lançado em 1969. Nesta mesma época, Beth começou a participar de vários festivais.
Em 1968, por exemplo, a madrinha do samba conquistou a terceira posição no Festival Internacional da Canção (FIC) com “Andança”. Depois de 1973 iniciou o projeto de lançar um disco por ano e com isso acabou emplacando vários sucessos, como “1.800 Colinas”, “Saco de Feijão”, “Olho por Olho”, “Coisinha do Pai”, “Firme e Forte” e “Vou Festejar”, canção conhecida por todas as gerações.
A sambista cantou jazz, bossa nova, toada, forró, canção de protesto, música de festival. Mas o chamado das rodas e dos terreiros, do som dos subúrbios e dos botequins, bateu-lhe mais forte nas veias.
No livro "A Canção no Tempo (1958-1985)", os pesquisadores Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello contam que, num show de Beth Carvalho em São José dos Campos (SP), as mulheres da plateia espontaneamente tiraram os sapatos de grife, marcando neles o ritmo de "Vou Festejar", num momento contagiante.
Era a prova definitiva de que a inovação do subúrbio começava a ganhar o país. O chamado "pagode pop" ou "pagode romântico" foi uma contrafação, surgida por imposição das gravadoras nos anos 1990, do som criado no Cacique e divulgado pela cantora carioca.
Fora da música, teve duas paixões: na política, Leonel Brizola, para quem gravou um jingle em 2000, quando o ex-governador se candidatou a prefeito do Rio. No futebol, o Botafogo de Futebol e Regatas. Seu jogo inesquecível foi a final do Campeonato Brasileiro de 1995, quando o clube de General Severiano sagrou-se campeão com gol de Túlio.
Um amor tão louco que levou a cantora a fazer algo raro na sua longa carreira de mais de 30 discos e cinco DVDs: gravar um samba boi-com-abóbora, "Esse é o Botafogo que eu Gosto", de Dom Elias: "Esse é o Botafogo que eu gosto/ Esse é o Botafogo que eu mereço/ Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus/ Deixa eu festejar que eu mereço".
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