O Ceará tem dois finalistas concorrendo ao II Prêmio Nacional da Biodiversidade (PNB): Na categoria Órgãos Públicos, o projeto Trabalho de Limpeza e desobstrução do canal principal do Rio Cocó, realizado pela Secretaria do Meio Ambiente e, na Categoria Sociedade Civil, o Projeto Periquito Cara-suja, da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis).
Promovido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), o objetivo do PNB é reconhecer as atividades e projetos do setor público, privado, organizações sociais e profissionais, que se destacam por buscar a melhoria do estado de conservação das espécies da biodiversidade brasileira e, chamar a tenção da sociedade brasileira para as espécies ameaçadas do país.
Até o meio-dia de 22 de maio (no horário de Brasília), fica aberta a votação eletrônicahttp://pnb.mma.gov.br/juri_popular/ para escolha do vencedor do Prêmio Especial - Júri Popular, entre os 17 finalistas.
A cerimônia de entrega do prêmio acontece em Brasília, também em 22 de maio, quando se comemora o Dia Internacional da Biodiversidade. Na ocasião, serão divulgados os vencedores de cada categoria: Sociedade Civil; Empresas; Academia Órgãos Públicos; Imprensa e; Ministério do Meio Ambiente.
Os vencedores recebem o troféu do II Prêmio Nacional de Biodiversidade, criado pelo artista plástico Darlan Rosa e finalistas, um certificado de participação.
Rio Cocó
O Projeto Trabalho de Limpeza e Desobstrução do Canal Principal do Rio Cocó, o principal da cidade de Fortaleza-CE e região metropolitana, já retirou mais de 2,3 mil toneladas de materiais como capim, macrófitas, troncos e resíduos sólidos das suas águas.
A ação tem trazido de volta a fluidez e o escoamento naturais, o processo de intrusão salina, restabelecendo a vegetação das margens, mata ciliar e manguezais, causando expansão e repovoamento de espécies. Além de permitir a navegação, utilizada como ferramenta para a educação ambiental e ecoturismo.
“Percebemos que várias espécies de aves voltaram a frequentar os trechos, alguns obstruídos há mais de 20 anos. Além disso, vemos a nidificação, fabricação de ninhos, na área, o que significa que as espécies a consideram segura para a procriação”, explica o geógrafo Leonardo Borralho, articulador de Unidades de Conservação da Secretaria de Meio Ambiente e idealizador do projeto.
Foi como fiscal das Unidades de Conservação que ele se deparou com as áreas em que não era possível atravessar com o barco por estarem obstruídas. “Foi então que propus o projeto, encampado pela Sema e parceiros e que já passou por quatro etapas de limpeza e manutenção”, explica.
“O rio estava invisível – não se via o espelho d’agua em alguns trechos, o que causava uma série de impactos ambientes como a diminuição do oxigênio que ou mata os peixes ou faz com que procurem outros locais. Ele agora está vivo e sua biodiversidade aumentando”, diz Leonardo.
De acordo com ele, ser finalista do PNB é motivo de felicidade e emoção. “Nos sentimos honrados de idealizar e coordenar, com a ajuda de muitos parceiros, entidades públicas e privadas. Cumprir os critérios e estar na final, já é um reconhecimento”, afirma.
Periquito Cara-suja
O Periquito Cara-suja é hoje símbolo da Serra de Baturité mas há pouco tempo ele sequer era conhecido pela ciência. Os pesquisadores da organização não-governamental Aquasis fizeram o trabalho de caracterizá-lo para ser considerado como espécie válida e agora se esforçam para aumentar o número de sua população, já que entrou como ameaçada nas listas Nacional e Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção.
A principal estratégia para isso é a instalação de ninhos artificiais já que falta espaço para a reprodução da espécie. Segundo Ileyne Tenório Lopes, 28, ecóloga e coordenadora de educação ambiental da Aquasis – apesar de ser Área de Proteção Ambiental (APA), a serra sofre muitos problemas ambientais como desmatamento e especulação imobiliária.
Para os periquitos, ainda há outros riscos como a caça predatória e a captura para gaiola, cultura muito forte na região e passada de pai para filho. Com o desmatamento, os periquitos ficam sem as cavidades, os ocos, que precisam para fazer os ninhos e que só surgem em árvores mais velhas. Daí a importância dos ninhos artificiais – estratégia que vem dando certo. Hoje a população que nasceu nos ninhos de madeira já está perto de 500 indivíduos.
O projeto também atua com educação ambiental para garantir o apoio dos proprietários das áreas onde os ninhos são instalados e monitorados pelos pesquisadores. “Não adianta aumentar o número se o ser humano continuar causando o mesmo impacto”, alerta Ileyne. “Por isso, precisamos conscientizar as pessoas que moram na Serra, seus visitantes e os formuladores de políticas públicas”.
Para ela, ser finalista do PNB é muito bom. “A gente quer divulgar o projeto e essa é uma boa oportunidade. Gostaríamos muito de sair vitoriosos, mas só de estar como finalista já dá um orgulho imenso. Os outros projetos da categoria também são maravilhosos”, afirma.
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